O clima não tem colaborado com o plantio da soja em Mato Grosso do Sul, ainda assim os produtores estão investindo para tentar ampliar a produtividade
Por Pedro Silvestre, de Dourados (MT) – Canal Rural
A chuva foi a anfitriã da equipe do Projeto Soja Brasil na chegada a Dourados, no sul de Mato Grosso do Sul. Cenário que traz alívio às propriedades que ainda precisam terminar a semeadura da safra 2020/2021.
Na fazenda de Luís Seibt, ainda faltam 4 mil hectares a serem semeados. O atraso já soma mais de 20 dias e já causa transtornos na programação do ano/safra. Segundo o engenheiro agrônomo da área, Alberto Pippus Junior, as chuvas atrasaram bastante e quando chegaram vieram com baixos acumulados e irregularidades
“Agora vamos terminar esse plantio rápido e aproveitar as condições boas para ainda garantir uma boa safra”, diz.
Para o dono da propriedade, o retardo no plantio fará com que a colheita aconteça apenas em fevereiro, atrasando o cumprimento dos contratos para entrega do grão.
“Não teremos soja em janeiro para entregar, só em fevereiro. Sem falar que vamos ter que preparar mais colheitadeiras e caminhões, aumentar o custo na hora da colheita, para fazer tudo rápido”, afirma Seibt.
Nem tudo é preocupação
Diante a tantas incertezas e frustrações, a expectativa agora passa a ser sobre as médias de produtividades da soja. A ideia é superar as já alcançadas e conseguir pelo menos 70 sacas por hectare. Para isso, além de quatro toneladas de calcário, usados na correção no solo, e a boa cobertura de palhada, o produtor resolveu investir em um reforço: o uso de cinco tipos de bactérias.
“Estamos usando algumas visando controle de nematoides e em proporcionar um ambiente favorável para as plantas, aumentando o nível de produtividade, que é o que as pesquisas têm mostrado”, afirma Pippus Junior.
Mas uma novidade em termos de inoculantes para a soja é que está trazendo mais otimismo. A nova tecnologia promete facilitar a absorção do fósforo retido, pelas raízes, e render até cinco sacas a mais de soja por hectare.
“Nós desenvolvemos e testamos esse inoculante em várias áreas do Brasil, alcançamos resultados que chegam até 5 sacas de soja a mais por hectare. Então a vantagem desse inoculante é que o produtor vai poder aumentar a sua produtividade, sua rentabilidade, e ter essas bactérias como aliadas na adubações fosfatadas”, afirma a pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo Christiane Abreu de Oliveira Paiva.
Os estudos realizados pela Embrapa revelam que há um estoque bilionário de fósforo, não aproveitado pelas plantas, nos solos brasileiros. E, que toda a adubação lançada no solo, apenas 30% do nutriente é aproveitado pela soja, o restante fica retido.
“As bactérias são capazes, ali na raiz (na região da rizosfera) de liberar substâncias que conseguem ativar o fósforo que não está disponível para as plantas. Elas também aumentam as áreas de superfícies de raiz, favorecendo a absorção desse elemento que é de baixa mobilidade no nosso solo. Sem isso, o produtor acaba gastando muito fósforo, para que a adubação fosfatada seja eficiente”, afirma Christiane.
O produtor de soja Lucio Damália, já usa produtos biológicos em sua propriedade há mais de 40 anos e está satisfeito com os resultados. Para ele, tecnologias como os inoculante são importantes para dar o equilíbrio necessário quanto ao uso de defensivos e evitar a quebra de resistência de pragas e doenças nas lavouras.
“O país está aumentando o uso de químicos, mas temos que colocar limites. Os biológicos são um caminho que temos que perseguir. Não vamos deixar de usar os químicos, mas temos que olhar com mais atenção para os biológicos, porque a planta é viva e depende da biota do solo. Quando se maneja demais o solo com químicos, você acaba eliminando, acaba degradando esse solo, então temos que trabalhar e colocar o que é possível, tudo isso ajuda a produção de um modo natural a ter o máximo de produtividade”, finaliza Damália.
Fonte: Canal Rural