O uso de biofertilizantes nos canaviais é cada vez mais uma opção para ajudar na melhoria da produtividade. Afinal, ele permite o melhor desenvolvimento das plantas. A Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) é um processo pelo qual bactérias transformam o nitrogênio atmosférico em amônia, que é utilizada pelas plantas para se desenvolverem. Enfim, o nitrogênio do ar se torna em alimento, como açúcar, no caso da cana, diminuindo a necessidade de produtos industriais para permitir o enriquecimento do solo.canavial2

Várias bactérias que são utilizadas para realizar a FBN também estimulam o crescimento das raízes por meio da produção de hormônios, e isso permite com que os nutrientes do solo possam ser obtidos pela planta com maior facilidade. O objetivo do biofertilizante é proporcionar a redução de custos e reduzir a emissão de gases de efeito estufa sem perda de produtividade.

Milho, trigo e para várias leguminosas como a soja, feijão, amendoim já têm desenvolvidos inoculantes comerciais que atuam na promoção de crescimento da planta, tendo como base bactérias fixadoras de nitrogênio. Agora, a Embrapa Agrobiologia prevê em breve um para a cana-de-açúcar. A expectativa é que o biofertilizante da cana esteja nas prateleiras em um período máximo de cinco anos.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, Verônica Reis, um trabalho recente realizado mostra que plantas de milho inoculadas com determinadas bactérias foram capazes de absorver 50% mais nitrogênio do adubo nitrogenado. “Acredita-se que esse potencial também possa ser atingido na cultura da cana-de-açúcar inoculada, o que ainda é objetivo de estudos em andamento”, explica.

Para o trabalho foram selecionadas cinco bactérias capazes de fixar nitrogênio para a cultura da cana-de-açúcar. “Algumas delas também se mostraram capazes de promover crescimento de raízes, aumentar o perfilhamento e desenvolvimento da planta”, acrescenta Reis.

O uso

A pesquisadora complementa que com o inoculante pretende-se usar bactérias fixadoras de nitrogênio e também promotoras de crescimento, como um produto biológico e eficiente que promova o maior enraizamento das plantas, produção de perfilhos, acúmulo de nutrientes e, em especial nitrogênio, e consequentemente há aumento na produtividade e longevidade dos canaviais.

Assim, será possível a redução das quantidades de adubo atualmente recomendadas para a cultura. O que implica na redução dos custos da produção e no impacto ambiental gerado pelo uso dos adubos nitrogenados. “Mas, mesmo que não haja redução de doses dos adubos, a maior eficiência de utilização dos mesmos pelas plantas inoculadas já representará importante contribuição para reduzir efeitos negativos sobre o ambiente”, pontua a pesquisadora.

 

O também pesquisador da Embrapa Agrobiologia, Bruno Alves, realça que quanto maior for a redução das quantidades de adubos nitrogenados aplicadas à cana em função do uso do inoculante, maior será a mitigação de emissões de gases de efeito estufa. “A síntese de amônia industrial é um processo que requer energia fóssil – petróleo, gás-, e, por isso, a fabricação de adubo nitrogenado implica em emissão de gás carbônico (CO2) para a atmosfera. Além disso, o adubo nitrogenado depois de aplicado no solo sofre transformações que resultam em produção de óxido nitroso (N2O) que é um potente gás de efeito estufa, com capacidade de aquecimento da atmosfera equivalente a 300 vezes a do gás carbônico”, pontua.  Por isso, o uso de inoculantes pode representar uma importante estratégia na agricultura para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Os estudos da Embrapa Agrobiologia são realizados juntamente com o setor privado, que tem interesse na tecnologia para desenvolver um inoculante comercial e testar sua eficácia em plantios comerciais da cana.

 

Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia