Mapa homologou a coleção de microrganismos de interesse agrícola da Embrapa Soja como Banco de Germoplasma para utilização de produção

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) homologou, em 20 de março, a coleção de microrganismos de interesse agrícola da Embrapa Soja como Banco de Germoplasma para utilização na produção de inoculantes microbianos. O inoculante é um produto comercial que contém microrganismos com ação benéfica para o desenvolvimento das plantas. “Esse reconhecimento é um passo para confirmar a posição de liderança que o Brasil vem assumindo internacionalmente, no uso de bactérias benéficas na agricultura”, explica a pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, curadora do Banco. “O uso dessas bactérias, via inoculantes, resulta em economia para o agricultor, melhoria na qualidade dos solos e preservação do meio ambiente”, defende.

Hoje, o Banco de Germoplasma conta com 3600 estirpes de microrganismos (cepas) que estão preservadas, pelo menos, por dois modos distintos, liofilizadas (processo de dessecação a vácuo e em baixas temperaturas) e criopreservadas (em temperaturas ultra baixas, a -80ºC e a -150ºC). Segundo Mariangela, as bactérias de importância para o agronegócio brasileiro depositadas na coleção são estirpes autorizadas ou recomendadas pelo Ministério da Agricultura para o uso em inoculantes comerciais no Brasil. “Para produzir inoculantes de qualidade, as indústrias precisam de material puro, viável e certificado”, enfatiza Mariangela.

O uso de bactérias capazes de promover o crescimento de plantas por processos como a fixação biológica do nitrogênio, entre outros, vem crescendo exponencialmente no Brasil. Na última safra, foram comercializadas mais de 40 milhões de doses de inoculantes, principalmente para a cultura da soja.

Exemplo da soja – Mariangela explica que para produzir 1 tonelada de soja, por exemplo, são necessários cerca de 80 kg de nitrogênio. Esse nutriente é o mais requerido pela cultura e pode ser obtido gratuitamente na natureza, por meio de algumas bactérias do gênero Bradyrhizobium (risóbios).

De acordo com a pesquisadora, essas bactérias são capazes de capturar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo em fertilizante para as plantas. A fixação biológica do nitrogênio dispensa a utilização de fertilizantes nitrogenados; produtos que além de aumentar os custos de produção, podem ser prejudiciais ao ambiente. “Considerando o exemplo da soja, e tomando como base os preços atuais no mercado, tem-se que essas bactérias resultam em uma economia, para o país, de US$ 13 bilhões anuais, que deixam de ser gastos com fertilizantes nitrogenados”, calcula Mariangela. Além disso, a pesquisadora destaca que o uso dessas bactérias na agricultura traz benefícios ambientais, pois minimizam a emissão de gases estufa associados ao uso de fertilizantes químicos.

Histórico – A “Coleção de Culturas de Microrganismos Multifuncionais da Embrapa Soja: Bactérias Diazotróficas e Promotoras do Crescimento de Plantas” que hoje é o Banco de Germoplasma, foi iniciada em 1991, na Embrapa Soja, em Londrina (PR). Desde então, Mariangela explica que diversas bactérias com potencial biotecnológico, ou representativas da biodiversidade global (isoladas no Brasil ou recebidas de outras instituições nacionais e internacionais) foram incorporadas à coleção. “O enriquecimento da coleção é contínuo, bem como os esforços para a implementação de normas de qualidade, obedecendo aos critérios estabelecidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).

A coleção é também integrante da Rede do Centro de Recursos Biológicos (CRB-Br) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, sendo uma das quatro coleções de microrganismos da Embrapa, que compõem o CRB-Agronegócio.

Fonte: Agrolink