BUENOS AIRES/SÃO PAULO (Reuters) – O fenômeno climático La Niña deve se apresentar em uma versão enfraquecida durante o verão na América do Sul, o que reduz os riscos de perdas nas próximas safras de soja e milho pelo tempo seco que em geral acompanha o fenômeno na região, disseram especialistas.

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La Niña, o fenômeno oposto ao El Niño, consiste em uma aceleração dos ventos equatoriais que provoca um esfriamento do Pacífico do Equador e chuvas abaixo da média na Argentina, Paraguai, Uruguai e no Sul do Brasil, bem como fortes precipitações em outras partes do mundo.

No entanto, considerando que até o meio do ano se registrou um intenso fenômeno El Niño, o seu contrário feminino deverá se estabelecer a partir de dezembro e em uma versão amenizada, o que afasta temores de condições climáticas extremas e até gera expectativas favoráveis para os cultivos do Sul do Brasil.

A América do Sul é uma das principais fontes de exportação de alimentos do mundo, principalmente de soja e milho –o Brasil é o maior exportador da oleaginosa e o segundo do cereal.

“Os efeitos do La Niña, que segundo os modelos climáticos serão fracos, seriam sentidos no verão do hemisfério sul, sobretudo entre o fim de dezembro e o começo de janeiro”, disse à Reuters Stella Carballo, especialista do Instituto Clima e Água da Argentina, principal exportadora mundial de óleo e farelo de soja.

“Temos muita água no mapa, esperam-se chuvas em outubro e novembro, o que vai gerar umidade para a semeadura (de soja e milho) e para o momento de definição para a produção de trigo (na Argentina)”, acrescentou.

No Sul do Brasil, a previsão de uma versão moderada do fenômeno também gera alívio aos produtores.

“Essa La Niña não está apontando para seca, é uma La Niña que está começando. E como ela está começando, não vai ter esse efeito muito intenso de seca no Sul”, disse a meteorologista Patricia Madeira, da Climatempo.

O fenômeno será “bom para a próxima safra de grãos, não tem nada que traga preocupação, se vai faltar ou se vai ter muita chuva. A chuva será irregular, mas ela vem”, disse Patricia.

Segundo ela, deverá chover bem em janeiro, mas há a possibilidade de diminuição de chuvas em fevereiro. “Isso (a diminuição das chuvas) não deve ser um problema, pois as culturas já estarão em desenvolvimento.”

No Nordeste do Brasil, disse a meteorologista, também haverá um aumento da umidade em janeiro, o que deve beneficiar a agricultura, uma situação muito melhor do que em anos anteriores, quando a região foi atingida por uma severa seca.

Em seu último relatório de oferta e demanda global, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estimou a safra 2016/17 de soja no Brasil em 103 milhões de toneladas, ante 96,5 milhões no ano anterior, enquanto a Argentina deverá colher 57 milhões de toneladas, em comparação com 56,5 milhões no ciclo 2015/16.

Para o milho 2016/17, o USDA espera que a produção da Argentina atinja 34 milhões de toneladas, contra 28 milhões do ciclo anterior. A nova safra de milho brasileira está estimada em 80 milhões de toneladas, ante 70 milhões em 15/16, temporada que atingida por problemas climáticos.

(Por Maximilian Heath, Roberto Samora e Mariel Cristaldo, em Assunção)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447765))

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