Londrina receberá na próxima semana, de 6 a 9 de junho, a 27ª Reunião Latinoamericana de Rizobiologia (Relar), em uma promoção da Associação Latinomaericana de Rizobiologia (Alar), com realização da Embrapa Soja e do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Paralelamente, será promovida a 18ª Reunião da Rede de Laboratórios para a Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos e Interesse Agrícola (Relare). Os eventos serão realizados no Hotel Sumatra.
Um dos processos microbiológicos que serão amplamente discutidos durante a Relar é o da fixação biológica do nitrogênio (FBN). A pesquisadora da Embrapa Soja Mariangela Hungria, presidente do evento, explica que no processo de FBN as bactérias conseguem capturar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo em fertilizante nitrogenado para as plantas. As estimativas são de que, no Brasil, somente com a cultura da soja, a economia anual pela ação das bactérias fixadoras de nitrogênio são de aproximadamente 12 bilhões de dólares, que deixam de ser gastos com fertilizantes nitrogenados. “Além da vantagem econômica, existem benefícios ambientais, pois os fertilizantes nitrogenados resultam em poluição de rios, lençóis freáticos, lagos, além de emissão de gases de efeito estufa”, explica Hungria.
De acordo com a pesquisadora, considerando o exemplo da soja, o Brasil deixa de emitir 45 milhões de toneladas de equivalentes de CO2 por ano pela FBN. Mas, além da soja, há dezenas de outras leguminosas de importância para o agronegócio brasileiro – como o feijoeiro, o feijão-caupi, forrageiras, arbóreas, adubos verdes – que podem se beneficiar fortemente pela FBN.
Para as gramíneas, como é o caso do milho, trigo, arroz, cana-de-açúcar, outros microrganismos, denominados de bactérias promotoras do crescimento de plantas (BPCP), vêm sendo utilizados de modo exponencial. “Essas bactérias atuam por uma série de mecanismos, sendo um dos principais a produção de hormônios do crescimento de plantas, que resultam em maior produção de raízes, parte aérea e produção de grãos”, diz a pesquisadora.
Interação
Para Hungria, as pesquisas e os produtos visando maximizar a contribuição dos microrganismos para a nutrição de plantas tornam-se prioritários. “As pesquisas promovem avanços no conhecimento das interações entre microrganismos e plantas de importância econômica, social e ambiental, e também contribuem para a validação do uso de microrganismos e processos microbianos como insumos agrícolas”, avalia a pesquisadora. “A América Latina realiza pesquisas avançadas e dispõe de diversas inovações no uso de bactérias fixadoras de nitrogênio e de microrganismos promotores do crescimento de plantas”, complementa.
Temática
O tema escolhido para a 28ª Relar é “Fortalecendo as Parcerias Sul-Sul”, considerando-se como Sul-Sul não só as parcerias dentro da América Latina e Caribe, como também as que vêm sendo estabelecidas entre países esses países e a África e Oceania. “A escolha do tema foi definida pela identificação de que as parcerias Sul-Sul podem ser muito mais eficientes no tema de microrganismos destinados à agricultura do que as parcerias Norte-Sul”, explica Hungria.
Com base no tema escolhido, o programa da Relar contará com 40 palestras, de palestrantes de 14 países da América do Sul, Central, Europa, África e Austrália. O programa inclui nomes da ciência básica e aplicada, com representantes dos setores públicos e privados.
Fonte: Folha de Londrina