A agricultura será fundamental para o Brasil cumprir o compromisso de reduzir em 43% a emissão de gases de efeito estufa até 2030, assumido na Conferência das Nações Unidas para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015. De acordo com o professor do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP), Carlos Clemente Cerri, serão os setores energético e agrícola que mais vão contribuir para alcançar o patamar de redução indicado pelo governo brasileiro. “Nesse cenário, o biodiesel de soja, impulsionado pela biotecnologia, despontará como atenuador do aquecimento global”, afirma Cerri.

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Ainda de acordo com Cerri, a biotecnologia é fundamental para aumentar a produtividade da soja, evitando a necessidade de ampliar a área plantada. Ao produzir mais na mesma área, será possível reduzir, inclusive, o impacto do agronegócio nas emissões de dióxido de carbono brasileiras. “A importância da biotecnologia será ainda maior com o avanço das pesquisas para desenvolver variedades transgênicas que aproveitam o Nitrogênio de maneira mais eficiente”, complementou.

No processo de Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN), o gás presente na atmosfera é convertido em formas que possam ser utilizadas pelas plantas, tornando-se um aliado na redução da emissão de gases de efeito estufa. A FBN é considerada pelos pesquisadores brasileiros umas das tecnologias mais sustentáveis para a agricultura local e, por meio do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), tem recebido o incentivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Com relação ao sequestro de carbono da atmosfera, processo de remoção de dióxido de carbono e lançamento de oxigênio por meio de fotossíntese, cada hectare de soja é capaz de retirar 500 quilos do gás. Considerando o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área de produção de soja no Brasil chegará a 33,1 milhões de hectares na safra 2015/2016. “Isso significará que cerca de 17 milhões de toneladas de carbono serão sequestradas”, disse o especialista.

A Universidade de Purdue, em Indiana (EUA), realizou estudos que simulam as consequências de proibir o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGMs). A pesquisa concluiu que a não utilização de transgênicos na agricultura provocaria o aumento da emissão de gases de efeito estufa uma vez que, para compensar a perda de produtividade, seria necessária uma ampliação da área cultivada avançando sobre áreas de vegetação nativa e preservação ambiental.

Tomando como base a safra 2014, quando aproximadamente 18 milhões de agricultores de 28 países cultivaram cerca de 181 milhões de hectares com cultivos de OGM, os pesquisadores concluíram que, se fossem substituídas por plantações convencionais, a colheita de soja teria retração de 5.2%, a de milho 11.2% e a de algodão 18.6%. Para compensar essa perda, seriam necessários 102 mil hectares adicionais apenas nos Estados Unidos, chegando a 1,1 milhão de hectares no mundo inteiro.

Fonte: Portal ODM