Cerca de 30 agricultores dos municípios fluminenses de Seropédica, Nova Iguaçu, Paracambi, Itaguaí e Magé participaram, no último dia 23, de um dia de campo especial sobre aplicação do extrato de nódulos para inoculação de sementes de feijão e feijão-caupi. A atividade foi organizada pela pesquisadora da Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) Norma Rumjanek, que há alguns anos vem estudando uma forma alternativa de inoculação de feijão comum e feijão-caupi, a partir do aproveitamento de recursos locais – a técnica seria uma importante alternativa aos inoculantes comerciais, sobretudo para pequenos agricultores.
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A primeira etapa do dia de campo envolveu a visita a uma unidade de referência tecnológica, no campo experimental da Embrapa Agrobiologia. No local, os participantes puderam conferir vários experimentos envolvendo espécies de feijão: inoculadas com bactérias fixadoras de nitrogênio, enriquecidas com fertilizante nitrogenado ou sem qualquer aditivo, para controle e comparação. A professora de agroecologia Anelise Dias, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – que também colaborou para a organização e a realização da atividade -, também explicou aos presentes um pouco sobre fitossanidade e sobre o papel dos microrganismos na lavoura.
Na segunda etapa da atividade, os visitantes puderam conferir de perto alguns desses microrganismos, a partir da observação em lupa de nódulos e nematoides. “O interessante foi poder levar alguns conceitos de microbiologia para os pequenos agricultores, tornando o mundo do invisível mais visível”, destacou Norma.
A finalização da atividade se deu com a demonstração prática de como deve ser feita a inoculação de sementes de feijão – tanto com um inoculante comercial quanto com o inoculante produzido a partir do extrato de nódulos, que tem apresentado bons resultados preliminares. “O mais importante é ter raízes bem noduladas. Em um solo rico em matéria orgânica há mais chance de ter uma maior quantidade de microrganismos”, destacou a pesquisadora, explicando que as bactérias fixadoras de nitrogênio presentes nos nódulos captam o nitrogênio do ar e o fixam na planta, contribuindo para seu desenvolvimento e para o consequente aumento na produtividade.
O pequeno agricultor Umberto Barroso, da localidade de Santa Rosa, em Itaguaí/RJ, tem como uma das principais culturas em sua propriedade o feijão-de-corda. Ele disse que não conhecia a prática da inoculação. “Nunca tinha ouvido falar, mas vou fazer sim. Já separei as sementes e sem dúvida vou fazer o teste. Todo conhecimento vale para aplicar um produto mais natural e aumentar a produção”, afirmou.
A pequena produtora Sônia Freitas, de Nova Iguaçu, também conta que vai fazer o teste em casa. “Sou estudante da Escolinha de Agroecologia de Nova Iguaçu e tudo o que eu aprendi lá eu apliquei. Vou fazer o mesmo”, falou ela, que tem em seu sítio plantações diversificadas de acerola, manga, graviola, jabuticaba, pepino, alface, couve, entre outras culturas.
A engenheira agrônoma Patrícia Santos de Castro Fernandez, da Emater-Rio, explica que muitos dos agricultores ali presentes estão fazendo a transição para a agroecologia e a inoculação é novidade para eles. “Foi uma abordagem bem nova e interessante, que ensinou um pouco sobre a produção de feijão de corda”, refletiu. Desde o início do ano ela acompanha um grupo de agricultores vinculados ao programa Rio Rural que têm participado dos vários módulos do curso Planejamento, implantação e manejo de sistemas integrados de produção agroecológica, organizado pela Embrapa e realizado na Fazendinha, e garante que, para eles, foi bastante enriquecedor participar deste dia de campo.
Para a professora Anelise Dias, a grande participação com perguntas ilustrou o quanto a atividade foi proveitosa: “O dia todo foi muito completo, conseguimos passar uma visão de todo o processo. O público esteve muito interessado, foi muito positivo.”
Fonte: Embrapa
Autor(a): Liliane Bello (MTb 01766/GO) – Embrapa Agrobiologia –