0606_Solon Araújo, consultor da ANPII e Mariângela Hungria, pesquisadora...Forte ponto de referência para toda a política de fixação do nitrogênio, evento 
reúne diversos pesquisadores que debatem o uso de produtos microbianos na agricultura

 Nos dias 9 e 10 de junho, Londrina (PR), recebe a XVIII reunião da Rede de Laboratórios para Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbiológicos de Interesse Agrícola (Relare). O importante encontro organizado pela Embrapa Soja é realizado a cada dois anos e tem como objetivo apresentar trabalhos nas etapas finais de recomendação de estirpes, tecnologia e metodologias.

 Especialmente nesta edição de 2016, o alerta sobre o atendimento à demanda crescente por alimentos, alinhado a novas políticas sustentáveis na agricultura, ganha novos capítulos e discussões. Segundo dados da Embrapa Soja, no processo de fixação biológica do nitrogênio (FBN), as bactérias conseguem capturar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo em fertilizante nitrogenado para as plantas. As estimativas deste processo são de que, no Brasil, somente com a cultura da soja, a economia anual pela ação das bactérias fixadoras de nitrogênio são de aproximadamente 12 bilhões de dólares, que deixam de serem gastos com fertilizantes nitrogenados.

 “Além da vantagem econômica, existem benefícios ambientais, pois os fertilizantes nitrogenados resultam em poluição de rios, lençóis freáticos, lagos, além de emissão de gases de efeito estufa”, explica Mariângela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja e presidente da Relare. Ainda de acordo com a pesquisadora, considerando o exemplo da soja, o Brasil deixa de emitir 45 milhões de toneladas de equivalentes de CO2 por ano por meio da Fixação Biológica do Nitrogênio. Mas, além da soja, há dezenas de outras leguminosas de importância para o agronegócio brasileiro – como o feijoeiro, o feijão-caupi, forrageiras, arbóreas, adubos verdes – que podem se beneficiar fortemente pela FBN.

Já Solon Cordeiro Araújo, consultor da ANPII, reforça a importância da conscientização global da utilização da FBN e acredita que a participação de pesquisadores estrangeiros na Relare trará um importante intercâmbio de conhecimento para o próximo biênio. “No primeiro dia (9 de junho) teremos palestra com  Ken E. Giller, da Universidade de Wageningen, coordenador de um projeto sobre fixação biológica do nitrogênio e inoculantes em países da África, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. Trata-se de um trabalho cativante de como a inoculação pode aumentar a produtividade e transformar o meio social para melhor”, explica.

Roberto Berwanger Batista, presidente da ANPII, também destaca que serão discutidos os resultados de um projeto de parceria entre a Embrapa e a ANPII para a difusão do uso de inoculantes, além de aspectos legislativos, tanto de utilização do patrimônio genético brasileiro, como de fiscalização pelo Mapa. “O Brasil enfrenta o grande desafio de aumentar a produção agrícola, unindo benefícios econômicos com a sustentabilidade ambiental. Mais dados ficarão evidenciados numa apresentação que faremos sobre as ações e demandas de pesquisa da ANPII para o próximo biênio”, diz.

 Por fim, pela primeira vez a Relare terá duas mesas redondas, que reunirão diversos palestrantes. Na quinta-feira, 9, o tema da discussão será a Comercialização e Legislação de Inoculantes no Brasil: Gargalos estratégicos para o próximo biênio, tendo a pesquisadora da Embrapa, Mariangela Hungria, como moderadora. E no dia 10, Solon Araújo, consultor da ANPII, será o mediador da mesa redonda Operacionalizando a inoculação para ganhar adeptos: tratamento na propriedade, inoculação no sulco e tratamento industrial. Nessa sessão serão discutidos os principais entraves e desafios para incrementar o uso de inoculantes em substituição ao uso de fertilizantes químicos.  “As mesas redondas são de suma importância para o debate entre os diversos profissionais envolvidos para aprimorar a operacionalização, comercialização e legislação em torno dos inoculantes no Brasil”, finaliza Solon Araújo.

 

Sobre a Relare

A Relare foi criada em 1985, é realizada há cada dois anos e tem apresentado resultados de pesquisa, seja de seleção de estirpes bem como de outros trabalhos relacionados com o tema, sendo referência para toda a política de fixação do nitrogênio no Brasil, traçando rumos e fornecendo ideias para uma contínua melhoria e incremento do uso de inoculantes. O evento conta com a presença de representantes de instituições de pesquisa, das indústrias de inoculantes – em sua maioria congregadas na Associação Nacional de Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII) – e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

 

Sobre a ANPII

A Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Importadores de Inoculantes (ANPII) foi fundada em 1980 e reúne 11 empresas que comercializam inoculantes no país. A principal atividade da associação, além de representar as associadas, é um trabalho para a melhoria contínua dos inoculantes e pela divulgação desta técnica junto à assistência técnica e agricultores. A ANPII tem muito claro que a Fixação Biológica do Nitrogênio é uma tecnologia estratégica para a cultura de leguminosas e já está a caminho para outras famílias de plantas. Mais informações pelo site: www.anpii.org.br.

Serviço

Evento: XVIII Relare
Data
: 9 e 10 de junho de 2016
Local: Hotel Sumatra – Londrina -PR